Pretendo transformar o PPS de Florianópolis em um partido de verdade. Isto quer dizer o seguinte: primeiro, um partido tem que ter um programa, precisa estudar e refletir sobre a realidade municipal para desenvolver um projeto de cidade. Como dizia o velho Vladimir Ilicht, um partido começa com um programa, em torno do qual se agrupam os que nele se reconhecem. Atualmente, o PPS é apenas um ajuntamento de pessoas com ambições políticas pessoais em torno de outras pessoas com carreiras políticas consolidadas. Precisamos estudar muito, refletir muito, discutir muito, para podermos construir o nosso próprio projeto de cidade e para que este seja um bom projeto. Segundo, precisamos criar um núcleo dirigente novo, com novas pessoas, mas sobretudo com novos métodos. O papel da direção é dirigir, é construir o partido. Há muito tempo, o nosso diretório não passa de um círculo de lideranças que apenas administra o controle da legenda. Terceiro, temos que criar uma rede de núcleos de base, estruturada por locais de trabalho e por locais de moradia. Quem fizer parte do diretório municipal terá de se comprometer com a formação dos núcleos. Com isto, obteremos um comprometimento maior dos dirigentes com o partido e o fortalecimento estrutural deste, além de nos aproximarmos mais da realidade, no sentido intelectual, e da sociedade, no sentido político.

O nome da minha chapa é “Por um PPS com paredes de vidro”. Esta expressão – um partido com paredes de vidro – foi criada por Álvaro Cunhal, líder histórico dos comunistas portugueses, os mais stalinistas da Europa, muito antes da Glasnost de Gorbachev. A idéia é simples: transparência, democracia, liberdade, iniciativa.

Eu prefiro ganhar, com certeza. Aliás, acho até que eu mereço ganhar uma vez, ao menos. Mas não vou sacrificar nenhum dos meus princípios para ganhar. Na verdade, só não tenho a vitória garantida porque não aceito olhar com um olho só. Se for para vencer, e continuar a fazer o mesmo que está sendo feito, então é preferível não fazer nada, deixar tudo como está e ficar em paz com todo o mundo. Mas eu me recuso a dar este exemplo ao meu filho. Se eu for vitorioso, será para concretizar a vitória, nunca para fazer de contas que aconteceram mudanças.

Independentemente de a nossa chapa ser vitoriosa ou não, no próximo congresso do PPS, haverá gente importante de outros partidos me acompanhando. É só!

O PCB não é o meu caminho; o PCB é, sempre foi e sempre será a minha maior referência política. O PCB foi a minha escola, onde aprendi a pensar a política para além dos cânones acadêmicos. E foi o partido mais sério que este país já teve, que se fundava mais na realidade concreta do que em crenças pré-estabelecidas. Quando o partido mudou de nome, e embora eu discordasse da mudança, acompanhei a grande maioria, na criação do PPS, e estou no PPS até hoje. O balanço que eu faço é frustrante: o PPS, ficou muito ruim, pouco se distinguindo dessas legendas aí, que são apenas coalizões de pequenos interesses. Eu continuo no PPS, fundamentalmente porque não tenho para onde ir. Não existe nenhum partido, no quadro nacional, que bata com o que eu penso e com o que eu sonho. Nem mesmo este PCB residual que está aí.
Não me sinto à vontade para entrar num partido que elogia na televisão o
Hugo Chaves, o Evo Morales e o MST, a não ser que possa mudar a direção.
Mas, primeiro, eu pretendo mudar a direção do PPS de Florianópolis.

Eu não me apavoro com a possibilidade da derrota. Afinal, quase sempre fui derrotado. Portanto, não vou me suicidar. Teremos de avaliar a situação e planejar o futuro.

Ora!Dizem assim: o Grando é deputado, tem uma estrutura;o Badeko é vereador, tem uma estrutura; os ocupantes de cargo comissionado, no Estado ou na Prefeitura, são, em geral, ligados à eles; e eles têm grana. Do outro lado, o João não tem nada a não ser os seus amigos. Ótimo: eles têm a estrutura, eu tenho os meus amigos; eles têm a verba, nós temos o verbo!

É análise política, em primeiro lugar, maqs também é propaganda, é claro.
É análise porque percebo que estou vencendo a disputa. Nos meus trinta anos de militância jamais vi o partido tão nervoso. A outra chapa, se formada, já não será mais, segundo dizem, com o Badeko na cabeça, mas com o Grando de presidente e Badeko de vice. É claro que fazemos da análise motivo de propaganda. Mas quem duvida desta análise é porque está dando demasiada importância às estruturas de poder.

Isto é assunto jurídico. Eu sei mais de direito eleitoral e partidário do que todos os advogados do partido. O estatuto fala que, para concorrer a postos diretivos é preciso estar filiado há um mês. Ora, eu estou neste partido há mais tempo do que qualquer dos membros desta cidade. Quanto ao domicílio eleitoral, o estatuto não diz absolutamente nada.

Palhocense! Deixa eu dizer: sempre me solicitaram a minha
transferência para Florianópolis, desde os meus primeiros anos de militância política, no glorioso PCB da clandestinidade. Mas, sempre resisti!
Palhoça é a minha terra de nascimento, dos meus pais e avós e dos avós dos meus avós. Construí a minha casa lá e a minha família também.Mas, chegou a hora de mudar!Eu ainda sou um velho militante comunista, que aprendeu que quando algo a se fazer se constitui em tarefa revolucionária, ela tem que ser feita.

Fundamentalmente, o que me motiva a transferir o meu domicílio para Florianópolis é que é aqui que eu vivo. Aqui eu trabalho, aqui eu faço politica, aqui eu tenho a maioria dos meus amigos, aqui estão os lugares que eu mais freqüento. E, o meu partido é o PPS.
O fato é que, cheguei a um momento em que já tenho quase vergonha de dizer para as pessoas à qual partido eu sou filiado. Já tentei outras formas de melhorar a vida partidária, mas, com pouco sucesso. Agora, estou apelando para a solução extrema: eu
mesmo tenho que estar presente neste palco, apesar de isto parecer prepotência, e apesar
do sofrimento que me causa ter de abandonar meu domicílio caranguejo.

Isto eu já disse, caramba! Mais importante seria conversarmos sobre projetos e programas, ao invés de sobre nomes.

E sou eu quem vai saber? Tenho uma amiga, amiga de profissão e colega de trabalho, que se diverte em listar os nomes para a Franklin. Ela chegou a me mostrar uma lista com trinta e oito nomes, e ainda me alertou que, provavelmente, ela era incompleta. Portanto, cada um desses nomes, inclusive o meu, é um entre os trinta e oito. Eu não posso falar sobre viabilidades, porque, ao fazê-lo, estaria influindo, e de forma provavelmente negativa, num processo muito importante.

Olha aí! Eu consigo ser pragmático, muito embora alguns amigos não acreditem. É claro que, dentre os nomes que têm aparecido, há alguns de quem eu gosto mais, e outros de quem eu gosto menos. Mas eu não devo citar nomes. Ou devo?

Claro que sim, sem nenhuma falsa modéstia. Mas pode ser que eu esteja errado!

O meu nome está sendo citado, há vinte e um anos, desde que criamos a Franklin. E daí? O fato de eu estar sendo citado me agrada, me honra e me envaidece. Nada mais do que isto. Eu não me lancei candidato à superintendência da Franklin, como jamais me candidatei a nenhum cargo governamental e nem os reivindiquei. Todas as vezes que eu ocupei cargos de livre nomeação, ou funções de confiança, e as ocupei várias vezes, foi por convocação de autoridade superior. E, houve algumas convocações que eu não atendi. Contudo, se o meu nome é cogitado, tenho a obrigação de dizer o que penso e planejar o que faria. Não significa que eu esteja em campanha por um cargo.

Sei lá! Não tenho absolutamente nenhuma clareza sobre isto.

E querias que eu desse qual nome a ele? Luiz Carlos, para homenagear o Prestes? Luiz Inácio, para homenagear o Lula? Ulysses Guimarães foi o maior combatente pela democracia que este país já teve, o maior político brasileiro do século XX, e era mais comunista que todo o PPS de Florianópolis junto.

Não mais do que sobre o PCB e o PPS, e não mais do que sobre o PT.

Sei lá! Não sei te responder comsertesa. Agora o fato é que realmente eu já não gosto de algumas pessoas como gostava antigante e, além disso, acho que o PPS de Florianópolis, hoje, é uma verdadeira falta de vergonha.